(Em um lugar onde os pensamentos podem florecer)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Rastejando


No chão me deito à meneira dos desesperados.
Estou escuro, estou rigorosamente noturno, estou vazio, esqueço que sou um poeta, que não estou sozinho, preciso aceitar e compor, minhas medidas partiram-se, mas preciso, preciso, preciso.
Rastejando, entre cacos, me aproximo.
Não quero, mais preciso tocar pele de homem, avaliar o frio, ver a cor, ver o silêncio, conhecer um novo amigo e nele me derramar.
Porque é outro amigo. A explosiva descoberta ainda me atordoa. Estou cego e vejo. Arranco os olhos e vejo. Furo as paredes e vejo. Através do mar sanguíneo vejo.
Minucioso, implacável, sereno, pulverizado, é outro amigo. São outros dentes. Outro sorriso.
Outra palavra, que goteja.

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