(Em um lugar onde os pensamentos podem florecer)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

pavor




As luzes claras e alvas não sutiram o efeito desejado. Talvez não fizessem questão de sutir efeito algum. O cheiro de formol inudou as minhas narinas me fazendo sufocar. A luz do 5° andar piscou e as portas do elevador se abriram, nós, dentro do quadrado , sentimos o clima hostil e mórbido do ambiente. Não havia dúvidas de que nenhum de nós gostaríamos de estar ali, apesar de não nos conhecemos.
A morte parecia estar pendurada nas paredes como quadros de decoração , sorridentes, não via a hora de saltar em cima do primeiro que parasse para observá-la. Admirá-la.
Meu coração se contraia cada vez que via alguém nas macas. Eu me sentia terrivelmente covarde, o sentimento de derrota, dor, compaixão, medo me atingiam em cheio como um soco na boca do estômago, e esse eu já tinha deixado na entrada , na recepção. Eu me sentia covarde porque eu já tinha passado por tantas coisas, tantas dores, mágoas, mas o clima daquele lugar me arrastava para baixo , para o chão como areia movediça que ataca sua vítima derratada pelo cansaço. Eu me sentia inútil. Foi daí que começou a se formar um bolo em minha garganta, eu não aguentava mais, eu não podia lutar , eu queria sair correndo com uma mão na boca pra impedir o grito. O medo. A dor. Ou qualquer coisa que iria sair do meu peito.
Eu odeio hospital. Eu odeio aquele lugar
.

3 comentários:

Vilma disse...

bela descrissão rsrs confesso que passei por algo parecido, mas, nao me lembro mt... bjxxx

Fred Caju disse...

A melhor coisa dos hospitais é fazer com que as pessoas escrevem sobre ele.

João Bosco Maia disse...

Heloisa, eu havia passado rápido por aqui, depois de ter, me parece, passado pelos "Poetas de Marte". É muito bacana o teu espaço. Se tivéssemos mais referências assim, não teríamos "tiriricas" como nossos legisladores e governantes.
É meio difícil ganhar qualquer troféu neste país por ler livros, mas acho que furei este bloqueio à medida que ganhei um prêmio ao escrever um livro (pois ninguém escreve sem ler).
Quando puder, inclua meus romances na sua lista de leitura. Eles estão disponíveis em formato PDF na internet, conforme o blog.
Estarei sempre por aqui.
Um grande abraço!